Candido
(2002) observa o jovem Azevedo como um escritor de espírito inquieto em face de
sua juventude. Viveu apenas duas décadas, tendo-se apoiado no romantismo de
Lorde Byron, Álvares de Azevedo apresenta em sua obra o desejo de revolta
contra as normas sociais mundo com efeitos dramáticos de caráter individual. A
influência byroniana faz-se em temas, em técnicas utilizadas, em citações e em
epígrafes. Por seu turno, Roncari (2002) lembra-nos o Romantismo situa-se na
transição do “Ancien Régime” para o ideal burguês, sendo que o poeta romântico
sente saudades de tempos pretéritos em que havia maior contato com a paisagem
natural, acabando por tornar-se
um
inconformista, alguém que lamenta não apenas os limites da natureza e a falta
de contato com o Absoluto, como também o mundo histórico em que vive, isto é, o
mundo burguês, onde tudo é medido pelo que vale em moeda: os tecidos, os
legumes, o trabalho, as ideias, os afetos, o amor. (RONCARI, 2002, p. 313).
O eu romântico considera-se
intelectualmente acima da maioria dos demais humanos, somente ele sendo capaz
de apresentar as agruras desse novo mundo, expressando-se em primeira pessoa, a
fim de que o leitor sinta a dor do poeta, enaltecendo-o. O sujeito poético
situa-se quase sempre no meio urbano, refratado da natureza, idealizando-a com
sabores exóticos.
Candido (2002, p. 161)
leciona que o poeta fez uso “da discordância e do contraste, como corretivo a
uma concepção estática e homogênea da literatura” numa forma cotidianamente
prosaica. Romântico e moderno Azevedo deixou expressa sua procura pelo certo e
errado, em seguir regras ou destruí-las.
Candido
(2002) também salienta que os oxímoros poéticos, com desejos e frustações de
uma persona literária insegura neste mundo, de Azevedo propicia que os críticos
também apresentem opiniões divorciadas sobre sua obra. Em “O poeta moribundo”,
ele casa o obscurantismo da morte de forma satírica perfazendo o grotesco.
Poetas!
amanhã ao meu cadáver
Minha
tripa cortai mais sonora!...
Façam
dela uma corda e cantem nela
Os
amores da vida esperançosa!
Do
tema do amor, Álvares também fez uso, tecendo a aspiração à atração física com
o contido sentimento de amor. A descrição da musa em sua poética faz-se de
forma sedutora, por vezes dormindo, com os seios à mostra, e com cabelos
despreparados. O gozo evapora-se no desejo reprimido. O poder do eu lírico
definha-se diante do sono da amante. Candido (2002) lembra que sua famosa “Lira
dos vinte anos” é marcada por palavras que realçam a palidez imprecisa, através
de imagens com vapores e névoas, e a consequente impotência do eu lírico diante
da realidade em momentos noturnos.
Referências
CANDIDO,
Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 6 ed.
Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2000. v 2.
RONCARI,
Luiz. Literatura brasileira: dos primeiros cronistas aos últimos
românticos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002, p. 287-315.
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