Bauman aproxima-se inicialmente do pai da psicanálise para entender a contemporaneidade. A cultura de outro fez-nos repelir a libido – gênese freudiana – em troca de segurança individual e coletiva. A ética moderna – fundamentada na razão humana - repeliu o pecado religioso da Idade Média, mas aquela acabou sendo superada pelo momento atual.
A cultura pós-moderna, para Bauman, diminui o interesse pela segurança na crença do prazer através da liberdade individual, que causa mal-estar a esse indivíduo que agora está perdido nesse desejo inseguro.
Na cultura pós-moderna tudo é volúvel e está fora de ordem de outrora. Tal organização tradicional está se esvaindo a partir da própria gênese moderna. Uma ordem segura foi buscada, por exemplo, no controle estatal. A literatura de Hannah Arendt estudou esse fenômeno.
Também está presente a crença na satisfação incessante de produtos tangíveis e intangíveis. Essa contumaz repetição desse processo gera desempregos, na área econômica, e mais instabilidades psicológicas e sociais. O padrão de consumo é o qualificador dessa ordem-desordem, o qual propicia a exclusão de uma grande da população inserida nesse processo.
Esse processo vai de encontro à herança burguesa de liberdade. Instituições tradicionais como a família, que davam a certeza ao ser humano de segurança, foram vilipendiadas. A prudência para o consumo daquilo que duraria em longo tempo esvaiu-se. O sujeito deslocado para o imediato renuncia ao próprio prazer do consumo de coisas essenciais para o automático e irrefletido consumo de coisas supérfluas. Fugaz e incerto, este é o mundo atual na avaliação de Bauman.
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