Bauman entende que a pós-modernidade inclui a publicidade de aspectos particulares da vida individual em sociedade. A intimidade e a privacidade tornaram-se públicas. Podemos ver isso, nas redes sociais e na própria televisão, com a apresentação de programas de telerrealidade, como o “Big Brother”.
Isso ocorre em virtude da constante efemeridade das relações humanas e a suscitação de um individualismo jamais visto na História.
“Tudo o que é sólido, desmancha no ar”, frase que serve para entender melhor a contemporaneidade, e que é remetida ao “Manifesto Comunista” de Marx e Engels, bem como ao título de um livro do filósofo Marshall Berman – o qual se atém para compreender a modernidade. A sentença serve como alusão também para explicar o pensamento de Bauman, com sua modernidade líquida.
Um dos aspectos mais importantes da modernidade é o contínuo refazer, com a intensa fabricação de produtos em série e de poderem ser constantemente remodelados a fim de satisfazer interesses econômicos, por exemplo, graças ao desenvolvimento tecnológico. A constante volatilidade interfere também nas próprias relações humanas. A estabilidade das relações humanas dá lugar à volúpia da liberdade individual, em que as pessoas podem agir conforme seus desejos. Para Bauman, não obstante, essa liberdade não é capaz de satisfazer esse ser humano “emancipado” em virtude de ter que arcar com as consequências de suas escolhas, além do sentimento de angústia causado pela dúvida do devir. O ser humano tornou-se um ser frustrado em sua existência.
Para Bauman, a liberdade individual na contemporaneidade decorre da importância de consumo de produtos tangíveis e intangíveis que nos causem prazer, como o reconhecimento social. O intenso consumo acarreta o intenso descarte daquilo que é considerado antiquado e senil. As relações humanas adquirem características desse consumo de tais produtos. Os vínculos entre os seres humanos são de alta volatilidade e inseguras. Esse aspecto faz as pessoas tornarem-se cada vez mais isoladas e adeptas ao consumo de drogas antidepressivas, por exemplo.
O intenso medo das pessoas com essa instabilidade tornam o viver coletivo cada vez mais inseguro. A incerteza nas questões de identidade e de justiça são sinais desse tempo. Conectar e desconectar acabam sendo a regra.
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