domingo, 7 de julho de 2019

Breve confronto entre futuristas: Marinetti contra Volt


O Futurismo dirigiu-se à Itália e rejeitava forças que se oporiam à modernização dessa nação. Itália contra si mesma. A relação com o elemento máquina é ressaltado, atendo-se desde as funções das engrenagens indo até questionamentos sobre o novo mundo industrial que estava se instaurando. A máquina também é capaz de interagir com os seres animais e humanos. Outrossim, ela potencializa a capacidade humana.

Gostaria de ater-me ao tópico de número 9 disposto no Manifesto: “Nós queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destrutor dos anarquistas, as belas ideias que matam e o menosprezo à mulher.” (TELES, 2009, p. 115).
A estética futurista também adentrou no mundo da moda, pois os artistas sabiam que ela podia ser usada para estimular a percepção e o vitalismo deste novo cenário urbano; desta forma, pensaram-na como uma interação entre movimento e roupa nos seus aspectos mutáveis e dinâmicos, enfim, uma roupa criada para as ruas das grandes cidades europeias. (BORTULUCCE, 2011, p. 22).
Temos o Manifesto Futurista da Moda Feminina, de Vincenzo Fani, conhecido por Volt, de 1920. O espaço da moda expressa criatividade e dinamismo. A moda futurista deve ser prática, eficiente e funcional. Volt, em seu Manifesto, diz que a moda também é arte. À mulher cabe valentia para fazer uso da roupa futurista, a fim de mostrar a graciosidade das formas de seu corpo. A percepção militarista e tecnológica aparece no escrito dele da seguinte forma: “Teremos assim a mulher metralhadora, a mulher thanks-de-somme, a mulher antena-rádio-telegráfica, a mulher aeronave, a mulher submarino, a mulher lancha.” (Ibidem, p. 34, grifo do autor).
Ressalto que a vestimenta possui a propriedade de mostrar-nos nossa individualidade aos outros, fortificando nossa personalidade. O texto de Volt busca valorizar a figura feminina ao contrário de Marinetti, que possui ojeriza para com ela.
 Referências
BORTULUCCE, Vanessa Beatriz. O Manifesto Futurista da Moda Feminina. Iara –  Revista de Moda, Cultura e Arte. São Paulo, v. 4., n. 2, dez. 2011. Disponível: http://www1.sp.senac.br/hotsites/blogs/revistaiara/wp-content/uploads/2015/01/03_IARA_vol4_n2_Dossie.pdf. Acesso em: 25 jun. 2019.
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro. 19. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.

O (DES)PODER DA PALAVRA


“Palavra” possui energia vibratória capaz também de atingir o subconsciente do Homem, governando seus atos.
“Ideias são ações”, disse um líder político certa vez; palavras também as são.
As Leis são palavras em forma escrita daquilo que foi discutido e tramado pelas autoridades políticas. O uso adequado delas concorrem para dar um estilo elevado a uma nação.

UMA HERANÇA CLÁSSICA

A literatura clássica continua interessando a nós do século XXI. Ela continua viva, pois tem o seu mérito intrínseco de grandiosidade e forneceu de base a todas as formas narrativas ulteriores. A eminência dos poemas de Homero representa o amálgama da narrativa oral com a forma escrita, não faz distinção entre mito e história, por isso, deu-nos de forma instintiva, sofisticada e proposital, o fluxo narrativo do romance. Desde que sua narrativa forjou personagens, lugares, acontecimentos históricos visto que se baseou em formas mitológicas. Homero e Xenófanes confrontar-se-iam. Sempre que temos acesso à literatura europeia dos séculos XVII e XVIII, recorremos à literatura peculiarmente helênica. À medida que avaliamos mais essa narrativa, nós damos mais valor também a Heródoto e a Tucídides. A literatura grega deve ser sempre (re)visitada. Heródoto e Tucídides, pois este escrevia sobre eventos contemporâneos e aquele, acerca do passado recente; o primeiro focava numa narrativa oral, e o segundo não aspirava ao agrado imediato, apesar de que o “pai da História” e de que Tucídides não foram ultrapassados por nenhum outro historiador clássico. Embora o empirista Thomas Hobbes no século XVII traduzisse a “Guerra do Peloponeso”, Tucídides apresenta elementos não empíricos, porque traz-nos, em tal obra, situações ficcionais e diálogos dramáticos, sem esquecer-se de Ésquilo e narração mítica, princípios de retórica e, portanto, foi imitado pelos latinos. Os romanos e sua escrita história, a fim de salientar os atos de Roma e de levá-los ao conhecimento dos seus descendentes, pois, a menos que enxergavam a narrativa histórica como um todo e tinham como fundo uma forma patriótica, crescendo e desenvolvendo em torno de Roma. Não só Aristóteles, como também Xenófanes e Tito Lívio, pensaram acerca das diferenças entre poesia e história, pois havia percepções distintas acerca de tal tema e propósito, pensando na vida comportamental e institucional da pólis-urbe, ainda que sempre em dívida com a verdade e a arte.