Discurso dum senador brasileiro
A todas brasileiras e a todos brasileiros.
Senhor Presidente do Congresso Nacional. Vossa Excelência
sabe que nutro pouca simpatia pela vossa figura, mas, dirijo-lhe a palavra para
pedir, mui humildemente, ao Povo desculpas pelas palavras não tão elevadas que
se seguirão.
Pela segunda vez, após a redemocratização, chegamos ao
impasse do impeachment. Em 1992,
houve a deposição dum político playboy
e aventureiro, oriundo duma família tradicional de Alagoas. Agora, a da primeira mulher presidente do
Brasil.
O presidente deposto em 92 foi engendrado por empresários para
não permitir que um ex-operário chegasse à Presidência. Após cumprir esse
papel, ele foi cuspido. Nas eleições de 1989, ele jogou muito duro contra esse
operário nordestino, chegando apresentar em horário eleitoral gratuito, que
este havia pedido a uma mulher que fizesse aborto dum filho seu. A vida é uma
roda viva. Esse nordestino, pela sigla do PT, tornou-se presidente em 2003, com
o fatídico discurso de “nós contra eles” e conseguiu eleger a provável
presidente a ser deposta. O que há em comum nisso: a altivez que nos cega. No
início dos anos 90, o que havia era apenas um homem garboso, que gritava só.
Hoje, o que há são inúmeros companheiros que se aburgueseram.
O presidente solitário sofreu o golpe graças ao discurso da
hipocrisia da companheirada do PT em 92. A vida é uma roda viva e alguns membros
desse mesmo PT é que foram condenados pela Justiça por corrupção
posteriormente. Não sei se aquele presidente aprendeu a ser mais humilde,
contudo sei o que vejo hoje: os companheiros levaram um duro golpe da própria
vida e não aprenderam nada. Colhemos o que plantamos. Na política, não há
santos.
O que vemos hoje também é uma disputa de forças da
hipocrisia: dum lado, a jararaca vermelha; doutro, os patinhos amarelos da
FIESP.
Chegou a hora da onça beber água.
Comunico ao País que ao término desse processo de impeachment, pedirei renúncia do atual
mandato eletivo e deixarei a vida pública.
Muito obrigado.
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